domingo, 26 de junho de 2011

Vocabulário/Dicionário do Surf


Se você tem alguma dúvida quanto aos termos usados no surf, confira abaixo nosso dicionário de gírias e jargões do esporte:

360º - é uma manobra em que o surfista executa uma volta completa em torno de si mesmo (com sua prancha) e continua na mesma direção.

Abar - Quando "filam" suas coisas no surf, tipo: rango, parafina...

ABRASP - Associação Brasileira de Surf Profissional

Aerial 360º - Variação dificílima da manobra citada acima, onde o surfista executa a mesma durante um vôo com a prancha

Aloha - Saudação havaiana de boas vindas.

Amador - Atleta que não recebe salário.

Amarradão - Quando uma pessoa está muito feliz!

Arrebentar - Se sair muito bem em uma determinada situação.

ASP - Association of Surfing Professional

Astrodeck - material feito com borracha especial, aplicado sobre a prancha, servindo assim como anti-derrapante.

Aussie - surfista australiano.

Back door - Parte da onda que quebra da direita para a esquerda - para quem está olhando da praia.

Back side - É quando o surfista pega onda posicionando-se de costas para ela.

Back Wash - Pororoca, ou seja, onda que vem ao contrário, da direção da areia.

Batida - Manobra em que o surfista acerta a crista da onda com a parte de baixo da prancha.

Beach Break - Praia com fundo de areia.

Big rider - Surfista que é bom e gosta de pegar ondas grandes.

Bóia - é o cara que fica parado dentro da água e a galera passa por ele e pega as ondas, serve de bóia...

Boia (2) - Ponto flutuante colocado em competições no outside da arrebentação, pelo qual o surfista competidor deve efetuar uma passagem para ganhar a prioridade de pegar uma onda.

Bolha - área da prancha que se encontra danificada, podendo estar ou não com água. A princípio a área fica fofa.

Bottom (Fundo) - Parte do fundo da prancha (onde ficam as quilhas).

Bottom Turn (Cavada) - Manobra onde o surfista faz uma curva na base da onda em direção do lip (crista da onda).

Brother - Expressão usada no cumprimento de surfistas ou amigos próximos. (Fala, Brother!)

Cabrerão - Medroso, froucho, bundão.

Cabuloso - Doideira, esquisito, estranho.

Caldo - Quando o surfista cai da prancha.

Camisinha - Capa de prancha de tecido elástico que ao ser colocada na prancha se assemelha a um preservativo.

Casca grossa - Surfista muito bom em determinadas características / situação difícil.

Cavada - Mesmo que bottom turn.

CBS - Confederação Brasileira de Surf Amador.

Colocar Pilha (Pilhar) - Incentivar fazendo pressão / Aborrecer.

Copinho - local da prancha onde se coloca a cordinha, leash ou strep.

Crowd - Muita gente surfando numa mesma área.

Cut back - Manobra em que o surfista volta na direção contrária da onda e depois retorna na direção normal, formando um 's'.

Deck - Parte de cima da prancha (onde o surfista pisa).

Do Surf - Que faz parte da tribo do surf/ Massa, Doidera, Legal.

Drop - Significa descer a onda da crista até a base.

Elevador - Passar por uma onda grande, subindo pela frente e descendo por trás.

Evolution - prancha com mais espessura e largura, facilitando o drop e cavada. Geralmente vão de 7'até 8'6" e com bico arredondado.

Expression Session - Campeonato onde todos os surfistas entram na água e o vencedor é aquele que realiza a melhor manobra entre os competidores. Flat - Mar liso, sem ondas.

Floater - Manobra em que o surfista flutua, quase sem contato, com a crista da onda, quando ela já está quebrando.

Free surfer - Surfista que não entra em campeonatos regularmente. Surfa por puro prazer e de preferência, longe do crowd.

Front side - é quando o surfista pega onda posicionando-se de frente para ela.

Fundo (Bottom) - Parte do fundo da prancha (onde ficam as quilhas).

Glass - Liso, água limpa e transparente, dia de ondas perfeitas, sem nenhum vento.

Grab rail - Manobra que o surfista coloca a mão na borda da prancha para pegar um tubo de back side.

Grommett - Surfista novo que tem entre 10 a 12 anos de idade.

Goofy - Surfista que pisa com o pé direito na frente (base Goofy).

Gun - Prancha grande, para ondas grandes.

Haole - Expressão havaiana para surfista de fora do Hawaii/ surfista que não é do local onde está surfando.

Hot dog - Prancha pequena, para ondas pequenas. Um surf hot dog é surfado em ondas pequenas e bem manobráveis.

Inside - Qualquer lugar dentro da arrebentação, ou seja, a própria arrebentação.

Ir Trabalhar - Ir surfar bem cedinho.

ISA - International Surfing Association.

Jaca - O cara que fica horas para pegar uma onda e quando consegue leva um caldo.

Jojolão - Vacilão, cabaço, prego.

Juaca - Aquele que é bom em pegar tubos.

Kaô - Papo furado (mó kaô= maior papo furado).

Larica - Qualquer tipo de comida de preparo instantâneo ou pronta que mate sua fome após o surf ou outras atividades.

Leash - Corda utilizada para prender a prancha ao pé do surfista.

Leque - Manobra na qual o surfista sobe ao lip da onda e quando puxa a prancha com toda força faz com que a mesma destrua o lip jogando água fazendo a forma de um leque.

Lip - Crista da onda.

Line Up - Alinhamento dos surfistas no outside (linha de formação das ondas).

Localismo - Espécie de rincha entre os surfistas, responsável por muitas brigas e confusões dentro da água, nas disputas pelas ondas. Os surfistas locais (moradores) pensam que têm mais direito ao oceano.

Long John - Roupa de borracha para proteger do frio (modelo para o corpo inteiro).

Mar Gordo - Quando o mar está com onda largas, que são difíceis de pegar quando se está muito perto do início da mesma.

Maral - Vento que sopra do mar em direção a areia, geralmente aumenta o mar. Marola - Parte mais rasa do mar e com ondas menores.

Maroleiro - Surfista que gosta de ondas pequenas.

Merreca - Onda "péssima"; sem condições de fazer um belo Surf.

Merrequeiro - Surfista que só pega ondas pequenas.

Me Quebrei - Me dei mal.

Morra - onda grande e gigante.

Mormaço - Quando está cheio de surfista na área e você tenta pegar a onda na sua e os caras ficam te enchendo, pegando as ondas e vindo para cima de você.

Noronha - Local onde não existem direitas nem esquerdas perfeitas. Local de ondas baixas.

Off Shore - Vento lateral da terra para o mar. Este vento normalmente é quente e alisa as ondas.

On Shore - Mesma coisa que MARAL, ou seja, vento que sopra do mar para terra.

Outline - Esboço de uma prancha. É o desenho, a "linha de fora", o contorno que o shaper utiliza para começar a criar.

Outside - Qualquer local para fora da arrebentação.

Pala - Dar Bandeira é dar uma pala.

Pangas do Pântano - é aquele que mora na praia (caiçara), tem tudo para fazer o esporte (surfar) e tem medo do mar.

Paraíba - Banhista que lota a praia. Atrapalha a sua manobra no inside.

Pico - Mesmo que Point, local bom para ser freqüentado / Parte mais alta de uma onda.

Pipocar - amarelar, ficar com medo de um mar grande ou similar.

Point - Qualquer local ou lugar que as pessoas considerem interessante.

Point Break - Praia com fundo de pedra.

Pororoca - Quando as ondas vão até o raso e voltam, se chocando com as ondas que ainda estão indo, o que atrapalha o surfista quando está descendo. Também conhecido como Back Wash.

Prego - Surfista que não sabe pegar onda muito bem.

Pro - Surfista profissional, competidor e que ganha dinheiro com o esporte.

Queixão - Rabeador: Surfista que dropa no rabo da onda de outro.

Quebra-coco - Onda oca e rápida que se forma depois da onda principal estourando bem próximo da praia.

Quilha - dá segurança a prancha, direcionando-a na onda e proporcionando manobras.

Quiver - prancha.

Rabear - É quando um surfista entra na frente da onda de um outro surfista que já está dropando a mesma e acaba por quebrar o lip.

Raberar - O mesmo que rabear.

Rabuda - Roubar uma onda.

Ramado - Do lugar.

Rango - Comida.

Reef Break - Praia com fundo de coral.

Regular - Surfista que pisa como pé esquerdo na frente (base Regular).

Rip - Estar no Rip é estar em forma.

Secret Point - Local secreto.

Sessão - Parte de uma onda. Cada sessão propicia manobras diferentes.

Série - Sequência de ondas.

Show - Uma coisa boa. "O mar estava show."

Strap - O mesmo que leash ou cordinha.

Stryle - Alucinante, parecido com show.

Sufrista - Não sabe surfar, mas se acha o melhor na água, fica falando demais e surfando nada.

Swell - Ondulação.

Tá Show - Está muito bom.

Tá Gringo - Quando o mar está excelente.

Tail Slide - Manobra em que o surfista derrapa a rabeta da prancha. Pode ser conjugada com outras manobras.

Terral - Mesma coisa que Off Shore.

Tocossauro - Prancha velha, amarelada, pesada, escabufada.

Tube Rider - Surfista quem é bom em tubos.

Tubo - Manobra em que o surfista fica dentro da onda.

Traction - Borracha anti-derrapante colada no deck da prancha.

Trip - Viagem de surf, geralmente para um lugar com altas ondas.

Vaca - Tombo; Queda; Wipe Out.

Varrer - Quando uma onda grande, ou série de ondas grandes pega todos desprevenidos no inside.

WCT - World Championship Tour, é a 1ª divisão do Circuito Mundial de Surf.

Wipe Out - Mesmo que Vaca; ou seja, tombo, queda.

WQS - World Qualifing Series, é a 2ª divisão do Circuito Mundial de Surf.

***


OBS: As gírias podem diferir de local pra local.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Rota dos vinhos no Brasil


Não é mais preciso ir à Itália para fazer um roteiro enogastronômico. A região do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, recebeu certificado e tornou-se visita obrigatória para os enófilos.

Por Estela Cotes

Apaisagem é bucólica: montanhas recortadas por vinhedos, vistas a partir de estradinhas de terra. Mal se sente o friozinho, pois além do vinho há a comida em abundância, no aconchego das cantinas, a aquecer os viajantes. O cenário sugere uma viagem à região italiana do Vêneto, mas está mais próximo dos brasileiros do que se imagina: em Bento Gonçalves, cidadezinha 124 quilômetros ao norte de Porto Alegre.

Afinal, o Vale dos Vinhedos agora tem Denominação de Origem Controlada, que garante a identidade do que é produzido ali, colocando seus vinhos em pé de igualdade com regiões tradicionais como Bordeaux, na França, e Toscana, na Itália. Para todos os viajantes gourmet, isso significa que não é preciso ir tão longe para aproveitar a beleza de uma região vinícola.

A cada brinde, uma história

O trajeto até Bento Gonçalves e entre seus distritos são feitos de carro. Da capital gaúcha até a Serra, sem trânsito, chega-se em uma hora e meia. Como pouquíssimas vinícolas oferecem hospedagem, sua base pode ser tanto um dos hotéis modernos no centro da cidade, como o Dall’Onder Vittoria Hotel, ou em meio ao horizonte bucólico do Vale dos Vinhedos, no hotel Villa Michelon. Com muito fôlego para as subidas, dali é possível alcançar algumas vinícolas de bicicleta.

No Vale, a Rodovia RS-444 e as estradas de terra (ou linhas) que cortam as vinícolas estão cercadas pelo charme da natureza e das casas coloniais centenárias, sobrados feitos de madeira de pinho. O cultivo das uvas europeias, com as vinhas plantadas na posição vertical, altera um pouco a paisagem dos parreirais, normalmente horizontais.

Nas estações mais frias, os casais procuram refúgio e aconchego em pousadas como as da vinícola Casa Valduga, onde encontram conforto na suculenta polenta na chapa, no tortéi recheado com moranga dos restaurantes Maria Valduga e Luiz Valduga ou no curso de degustação que os hóspedes ganham. Ali, os jantares mais reservados podem ser feitos dentro da cave antiga, com pipas centenárias de madeira.

Nas terras da região montanhosa do Rio Grande do Sul, as uvas que mais se adaptaram foram a merlot, a pinot noir e a chardonnay. Pão, queijo, salame e copa são o “prato principal” durante uma degustação pelas vinícolas. Durante a vindima (entre janeiro e março), algumas delas oferecem uma grande festa, com direito a colheita da uva no pé e pisoteio à moda antiga.

Uma sensação nostálgica percorrerá cada parada do roteiro. Na mala virão algumas garrafas de vinho e na memória ficará o cheiro da uva fermentando nas caves.

Pausa para rejuvenescer

As mulheres que entrarem neste circuito não estão fadadas a ficarem entre a mesa e a adega, comendo e bebendo. Além de pratos da alta gastronomia e de um visual estonteante do alto da montanha, o Hotel & Spa do Vinho em Bento Gonçalves tem uma linha de tratamento com vinoterapia assinada pela grife francesa Caudalie. Os produtos usados nas massagens contêm polifenóis, um ativo altamente hidratante extraído do mosto da uva após o processo de vinificação.

VALE DOS VINHEDOS

ONDE FICAR
Dall’Onder Vittoria Hotel
Próximo ao centro de Bento Gonçalves, tem um perfil mais urbano, com internet no quarto.
Rua 13 de Maio, 800, Bento Gonçalves, tel. 54/3455-3000, www.dallondervittoria.com.br

Hotel Villa Michelon
Bem localizado no Vale dos Vinhedos, o hotel tem um Memorial do Vinho e a Casa de Filó, que reproduzem os costumes italianos.
Rodovia RS-444 (Estrada do Vinho), km 18,9, Vale dos Vinhedos, tel. 54/3459-1800, www.villamichelon.com.br

Hotel & Spa do Vinho
Restaurante, hotel, spa e vinhedo no mesmo lugar. No jantar, prove o peixe grelhado com molho de tangerina acompanhado de risoto com castanhas.
Rodovia RS-444, km 21, Vale dos Vinhedos, tel. 54/2102-7200
www.spadovinho.com.br

Villa Valduga
O hóspede leva no pacote uma aula de degustação e pode percorrer os vinhedos da propriedade.
Linha Leopoldina, Vale dos Vinhedos, tel. 54/2105-3154
www.villavalduga.com.br

Zamek Hotel Boutique
Em formato de castelo, o hotel tem apenas três anos de história. Na suíte Kraków, a banheira com hidromassagem fica na sacada, com vista para a mata.
Castello Benvenutti, Rodovia RST-470, km 221,6, tel. 54/3388-3388
www.zamekhotelboutique.com.br

ONDE COMER
Casa Di Paolo
O galeto foi eleito o melhor da região. O rodízio para o almoço ou jantar vem com sopa de capeletti, massas caseiras, polenta na chapa e sobremesa.
Castello Benvenutti, Rodovia RST-470, km 221,6, tel. 54/3463-8505,
www.casadipaolo.com.br

Dal Pizzol
Se chegar antes do anoitecer, é possível conhecer toda a estrutura do parque temático onde o restaurante está.
Rodovia RS-431, km 5, Distrito de Faria Lemos, tel. 54/3449-2255,
www.dalpizzol.com.br

ONDE IR
Pizzato
A vinícola de médio porte teve seu merlot Pizzato DNA 99 eleito o melhor do Brasil este ano.
Via dos Parreirais, s/nº, Vale dos Vinhedos, tel. 54/3459-1155
www.pizzato.net

Miolo
Produz em grande escala, mas preserva o ambiente bucólico e aconchegante.
Rodovia RS-444, km 21, Vale dos Vinhedos, tel. 54/2102-1540,
www.miolo.com.br

Salton
A Salton foi uma das primeiras famílias da região a investir na produção e comercialização do vinho.
Rua Mário Salton, 300, Distrito de Tuiuty, tel. 54/2105-1000
www.salton.com.br

Casa Valduga
A cave da vinícola tem capacidade para 6 milhões de garrafas, e o espumante 130 Valduga Brut foi eleito o melhor do Brasil na feira ExpoVinis 2011.
Via Trento, 2.355, Linha Leopoldina, Vale dos Vinhedos, tel. 54/2105-3122,
www.casavalduga.com.br

Cristofoli
A vinícola é pequena e a degustação acontece na cantina, no porão da casa.
Rodovia RS-431, km 6, s/nº, Distrito de Faria Lemos, tel. 54/3439-1190,
www.vinhoscristofoli.com.br

Don Giovanni
Tem pousada, restaurante, vinhedo e vinícola. Depois do passeio e da degustação, o prato principal é o risoto de alcachofra, aprovado pelo chef Olivier Anquier.
Rodovia RS-805, km 12, Linha Amadeu, Distrito de Pinto Bandeira, tel. 54/3455-6293,
www.dongiovanni.com.br

Almaúnica
A vinícola mais nova do Vale dos Vinhedos. Deguste o Syrah 2010 – lançado agora em junho, o tinto foi bem avaliado logo na primeira safra.
Rodovia RS-444, km 17,35, Vale dos Vinhedos, tel. 54/3459-1384,
www.almaunica.com.br


www.tam.com.br

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Se Bin Laden fosse preso por brasileiros



1. Os advogados dele teriam que estar presentes na hora da prisão para garantir seus direitos;



2. Todas as escutas seriam consideradas ilegais por não terem autorização de um juiz;



3. Os policias e militares seriam acusados de abuso de poder;



4. Em três dias teria um Habeas Corpus decretado por irregularidade nas investigações;



5. Por ser réu primário, não possuir outra condenação, ter nível superior e endereço fixo, seria logo posto em liberdade;



6. Por possuir livre direito de ir e vir seria liberado para visitas à Meca;



7. Pelo direito de ampla defesa alocaria milhares de testemunhas a seu favor;



8. O processo levaria uma década com ele em liberdade provisória;



9. Condenado a pena máxima de 35 anos, cumpriria 1/6 como manda a lei;



10. Durante o cumprimento da pena de cerca de cinco anos, poderia receber visitas das suas cinco esposas e seria liberado para sair nos feriados, inclusive no Natal (!);



11. Depois de alguns meses preso, um Juiz decretaria que a prisão dele é ilegal por não constar Terrorismo no nosso Código Penal;



12. E por último, para não manchar a imagem do Brasil junto ao mundo, ele sofreria a terrível punição de doar 10 cestas básicas para as Obras Assistenciais de Irmã Dulce.




Pronto: Justiça feita como mandam nossas leis!

terça-feira, 7 de junho de 2011

sábado, 4 de junho de 2011

Bar ruim é lindo, bicho

Foi assim no Bar do Cavanhaque e no Quiquiá, ambos pelos arrabaldes da UFPE! O Bar do Bigode ainda continua "Intacto"!!!

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"Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinqüenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinqüenta anos, mas tudo bem.)

No bar ruim que ando freqüentando ultimamente o proletariado atende por Betão – é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar “amigos” do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.

– Ô Betão, traz mais uma pra a gente – eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa linda que é o Brasil.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais da nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, gostamos do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne-de-sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida. Quando um de nós, meio intelectual, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectuais, meio de esquerda, freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.

O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo dia, a gente chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.

Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam cinqüenta por cento o preço de tudo. (Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato). Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae. Aí eles se dão mal, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão Brasil, tão raiz.

Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelos Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões ideológicas, preferem frango à passarinho e carne-de-sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste, e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o Nordeste é muito mais autêntico que o Sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem mais assim Câmara Cascudo, saca?).

– Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?"

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Também parte integrante do volume As Cem Melhores Crônicas Brasileiras, organizado por Joaquim Ferreira dos Santos.

Antonio Prata

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Aprenda a dar uma má notícia



- Alô, Sô Carlos? Aqui é o Uóshito, casêro do sítio.

- Pois não, Seu Washington. Que posso fazer pelo senhor? Houve algum problema?

- Ah, eu só tô ligano para visá pro sinhô qui o seu papagai morreu.

- Meu papagaio? Aquele que ganhou o concurso?

- Êle mermo.

- Puxa! Que desgraça! Gastei uma pequena fortuna com aquele bicho! Mas morreu de
que?

- Dicumê carne istragada.

- Carne estragada? Quem fez essa maldade? Quem deu carne para ele?

- Ninguém. Ele cumeu a carne dum dos cavalos morto.

- Cavalo morto? Que cavalo morto, seu Washington?

- Aquele puro-sangue qui o sinhô tinha! Eles morrero de tanto puxá carroça
dágua!

- Tá louco? Que carroça d'água?

- Prapagá o incêndio!

- Mas que incêndio, meu Deus?

- Na sua casa, uma vela caiu, aí pegô fogo nascurtina!

- Caramba, mas aí tem luz elétrica! Que vela era essa?

- Do velório!

- De quem?

- Da sua mãe! Ela apareceu aqui sem avisá e eu dei um tiro nela pensando que era
ladrão!

- Meu Deus, que tragédia! - e o homem começa a chorar.

- Peraí sô Carlos, o sinhô num vai chorá pur causa dum papagai, vai?