domingo, 20 de junho de 2010

Ensaio Sobre o Pedalar


"Qual é a “mística” por detrás do simples pedalar, qual é a força que faz com que dia após dia peguemos nossas bicicletas e saiamos a percorrer os caminhos do mundo? Qual é a real dimensão existencial?
Talvez pelo fato de que a bicicleta é ao mesmo tempo o meio e o fim, para reencontramos amigos e fazer novos, olhar para velhos conhecidos nos olhos e sermos cúmplices de um momento único.

Quiçá é pela mudança de ótica frente a nós mesmos, frente a nossa cidade e suas riquezas que muitas vezes passam desapercebidas devido ao ritmo que a modernidade nos exige, dessa tecnologia pronta e enlatada que quer nos aprisionar em caixas de metal e nos impedem de sermos nos mesmos.

A bicicleta é uma paixão às primeiras pedaladas, pela bicicleta li muito. Se pudesse ler pedalando leria mais, mas tem a paisagem para ser vista...
Li que o dono de um carro gasta mais de três meses por ano para
comprá-lo, mantê-lo e ficar preso dentro dele no trânsito. Quem é dono
de quem? Li que se pegarmos toda a distância anual percorrida de carro
por um norte-americano e dividirmos por este tempo de três meses,
chegaremos à razão de 6km/h: a velocidade de uma pessoa à pé. Corremos
tanto para chegar aonde? Li que meia hora diária de exercícios reduz em 50% a chance de termos diabetes, obesidade ou problemas cardíacos, prolongando a vida.

As atividades físicas estimulam a produção de substâncias (Endorfinas) que nos dão sensação de prazer, de bem estar, aliviando tensões e permitindo desta forma, um melhor rendimento em outras atividades menos prazerosas, mas nem por isto menos necessárias.

Nesta linha de raciocínio, pedalar pode ser uma forma de aumentar nossa auto-estima, pois viabiliza-nos ver com mais clareza as soluções de nossos problemas e aproveitar melhor os momentos.

Foi somente através da bicicleta que descobri e assimilei as conexões da transdisciplinaridade. Viajei no tempo com os casarões da minha cidade vistos de ângulos jamais sonhados, me equilibrei e fiz milhares de cálculos por minuto, calculei que em meia hora um ciclista anda 10km (a 20km/h), quando o deslocamento médio nas cidades é de somente 8km (a 7km/h). Li que 80% da poluição urbana vêm dos automóveis.

Desafiei meu organismo e ele me respondeu à altura dos meus limites, interagi com o meio fazendo parte dele sem modificá-lo, sem contaminá-lo, inspirou poesia...

Eu diria aos vestibulandos que andassem de bicicleta para renderem mais nos estudos e alcançarem a tão disputada vaga na universidade.

Eu diria a alguns motoristas que a rua não é somente deles e que aqui vai pedalando um pai de família, assim como muitos que andam por ai e que tem na bicicleta como o seu ganha pão. Eu convidaria estes mesmos motoristas a bater um papo conosco e quem sabe possamos ser bons amigos?

Se eu pudesse, pediria aos futuros candidatos à prefeitura e aos vereadores que abraçassem a causa de uma política de transporte que pudesse equacionar desde o pedestre até o caminhão.

Se alguém me pedisse uma opinião sobre um problema eu lhe diria para sair para pedalar que logo encontrará a solução, assim como o fazia Einstein.

Quem sabe a gente ande de bicicleta pelo desafio físico que o pedalar nos exige e cada destino alcançado é a nossa medalha olímpica, a capacidade de superação que imprimirmos para chegar onde queremos, a cada curva que conquistamos.

Uma vez ouvi numa palestra que se todo revolucionário plantasse uma
horta o mundo seria outro. Pois subam nas bicicletas também, revolucionários! Nossa arma é o pedal, nossa trincheira o guidon, nosso alvo: o mundo!

Enquanto somos atacados por todos os lados por buzinas, vales transporte, finas de pára-choques, xingamento, disparamos:
“Ra-ta-ta-tá! "Ra-ta-ta-tá"? Não! Bicicleta faz "Trling, trling...

Com licença colega !... trling." Uma arma lenta, mas eficaz e permanente!
Dizem que perguntaram à Madre Teresa de Calcutá:

-"Como se faz para mudar o mundo?"

-"É fácil: eu mudo eu, você muda você."
Um dia verão: "mudamos"!

Um forte ciclo-abraço para todos."

Hector Horacio Severi Cardoso

4 comentários:

Anônimo disse...

gente, que texto maravilhoso!
Ótima analogia, gostei muito!
blog perfeito!
beijinhos!

Aline disse...

Ninoooo

tu gosta de pedalar né? =] Eu tb gosto, mas não tenho mais bicicleta há um tempão! hehe

Gostei do texto amor...

Beijão em tu

Ariadne Melo disse...

Que texto massa patryk, adoro essas coisas, muito bom mesmo!
Beijão pra você!

Aline disse...

Num to em nenhum bolão não amor... tá em quinto é? rs Disse que seria qto o último jogo do Brasil??? Eu tinha chutado 2x1... se tivesse no bolão já teria perdido! hahaha

Beijooooo Ninito do meu coração